sexta-feira, 16 de abril de 2010

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Do meu lado ela dorme
seus sonhos não sei.

Já eu acordada, sonho com ela.

sexta-feira, 9 de abril de 2010

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CO IVI OGUERECO IARA

O grito veio e permaneceu:
Não há uma vez em que não me arrepie a voz do Dante em América Latina.
" E o Grito do Sepé na voz do povo vai nos lembrar que esta TERRA AINDA TEM DONO"

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Sangria

Eu queria beijar tua boca
Como quem toma um cálice de sangue
E deixar marcado no guardanapo branco
A sangria da minha sede.

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Eu gosto de penhascos
Mas as vezes esqueço que eles existem
Isso é até bom.
Porque quando miro demais o horizonte
Sinto asas enraizadas tentando sair de dentro de mim.
Dou meia volta e vou embora.
Corro o perigo de ganhar o céu e não mais voltar.
Afinal eu amo penhascos para olhar pra cima.
Não pra baixo.

quinta-feira, 8 de abril de 2010

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A roupa eu rasguei faz tempo
Vivo nua desde então
Os cabelos cortados e o prato quebrado faz menos de um mês
O piano que eu amava não vi mais
Mas a música que ainda sangra minha alma
Faz reviver todo o resto
E esse resto eu reescrevo com caneta sem tinta
Em pedaço de jornal antigo.
Ninguém precisa ler.
Os que sabem ler, sentem melhor ainda.
Sinto-me lida e continuo nua.
Talvez eu coloque a roupa pouco a pouco.
Mas somente se o frio ultrapassar as cicatrizes da minha pele.

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Tu tiras o meu sossego
Como quem joga uma palavra no ar
Corro perigo e não pulo o muro.
No final da noite você sempre abre a porta.

Até eu não mais bater.

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A presença do teu corpo acalma minha ânsia
A ausência do teu afeto cria em mim abismos
A tua presença não afaga minhas dores
E minhas dores tem te afagado demais.
Minhas dores estão perdendo a identidade
Perto de ti fingem ser alegres.
Afinal oque te afaga então?
Uma alegria triste
Ou uma triste alegria?

quarta-feira, 7 de abril de 2010

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Você dorme a meu lado e eu te busco.
Você fala na minha frente e eu te busco.
Você caminha a meu lado e eu te busco.
Eu te olho e te busco
Eu aliso teus cabelos e te busco
Eu passo a mão no teu rosto e te busco.
Eu te busco na vodka na cerveja
No rock no blues
Eu te busco em cada pedaço de papel em branco
Em cada vontade
Em cada desejo
Em cada flor que eu vejo pelo caminho
Eu te busco na felicidade
Eu te busco desesperadamente
Eu te busco
E só te acho no passado em que te encontrei.

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Tua mão em mim não existe
Porque a minha existe demais em ti

Tua mão em mim não existe
Porque eu não sinto
Não suspiro
Não transpiro

Tua mão em mim não existe
Porque não há calor nem frio
Porque tuas unhas cresceram e sequer me arrranharam

Tua mão em mim não existe
Porque eu não fecho os olhos feliz
E minha vontade é cada vez mais triste

Tua mão em mim não existe
Porque ...
Porque?

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Sexta-feira

Sexta-feira à noite
Os homens acariciam o clitóris das esposas
Com dedos molhados de saliva.
O mesmo gesto com que todos os dias
Contam dinheiro, papéis, documentos
E folheiam nas revistas
A vida dos seus ídolos.
Sexta-feira à noite
Os homens penetram suas esposas
Com tédio e pênis.
O mesmo tédio com que todos os dias
Enfiam o carro na garagem
O dedo no nariz
E metem a mão no bolso
Para coçar o saco.
Sexta-feira à noite
Os homens ressonam de borco
Enquanto as mulheres no escuro
Encaram seu destino
E sonham com o príncipe encantado.

Marina Colasanti)